MEMORIAL DO CONVENTO José Saramago 1982 1ª Edição

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MEMORIAL DO CONVENTO José Saramago1982 [1ª Ediç;o]Editorial Caminho, LisboaBr.; 357-1 p.; 14×21 cmColecç;o: Caminho da PalavraNota: c/assinatura de posseObs.: Romance publicado em 1982.A acç;o de Memorial do Convento desenvolve-se no reinado de D. Jo;o V, incidindo designadamente sobre o periodo de construç;o do Convento de Mafra, como indicia o titulo.O periodo em quest;o surge caracterizado através de personagens históricas propriamente ditas, como sejam aquelas da familia real, mas também através de atmosferas marcadas por fenómenos populares do tempo, como os famosos autos de fé (em que uma das personagens principais virá a morrer com António José da Silva), as procissões e as touradas.A partir destas coordenadas se configura, por um lado, o mundo artificial e ostentatório da realeza, por outro, um ambiente estratificado de ignorância e superstiç;o evidentes no Portugal da primeira metade do século XVIII, sob a égide do Santo Oficio.A contaminaç;o desta narrativa pela noç;o de que a História e mesmo a Literatura fabricam o romance da humanidade a partir do ponto de vista dos seus senhores é evidente em todo o enunciado, nomeadamente a partir da definiç;o das suas personagens principais.é com figuras nobres que Memorial do Convento começa. No entanto, contrariando as expectativas dos leitores, o narrador parece encarar com alguma ironia a sua (ausência de) densidade psicológica, facto que é tanto mais chocante quanto se trata do rei e da rainha. Surpreendentemente, é no meio da multid;o, tradicionalmente anónima, que sobressaem, ambos elementos do povo, Blimunda Sete-Luas, a mulher que vê o interior das pessoas se estiver em jejum e Baltasar Sete-Sóis, aquele que perdeu uma m;o na guerra, e Bartolomeu de Gusm;o, o padre “voador”, nos quais assentará a espinha dorsal da acç;o. Esta joga-se, por um lado, na edificaç;o do referido Convento (“por um voto que o rei fez se lhe nascesse um filho”) e as vidas e fundos que compromete, e, por outro, na construç;o paralela da Passarola pelas supra-citadas personagens principais, espécie de Santissima Trindade profana.Enquanto o Convento representa o sacrificio caprichoso da colectividade humana vergada a uma vontade individual e, por conseguinte, a decepç;o da aventura colectiva humana tal como a História n;o a conta, a Passarola, construida por Baltasar a partir dos planos de Bartolomeu de Gusm;o, e voando graças às vontades humanas contidas nas suas esferas que Blimunda captara nos corpos das pessoas, simboliza de algum modo a condiç;o angélica do Homem, ou, mais do que isso, a revelaç;o da condiç;o humana (nas suas entranhas, nos seus fluidos, nos seus cheiros, nas suas rugas, etc.) como condiç;o divina: “Deus estava fora do homem e n;o podia estar nele, depois, pelo sacramento passou a estar nele, assim o homem é quase Deus, ou será afinal o próprio Deus, sim, sim, se em mim está Deus, eu sou Deus, sou-o de modo n;o trino ou quádruplo, mas uno, uno com Deus”. é esta revelaç;o “sacrilega” que enlouquece Bartolomeu, levando-o a tentar queimar a Passarola depois de, temendo o Santo Oficio, ter nela fugido, com Baltasar e Blimunda.Depois da aventura da Passarola, Baltasar trabalhará ainda no Convento, esse monumento cuja massa monstruosamente inumana vai ascendendo, apesar de tudo, como a Passarola, e revelando a história profana do Homem como uma história de redenç;o.Deste modo, José Saramago reescreve as convenções históricas, religiosas e literárias da nossa cultura, mostrando, como salienta Eduardo Lourenço, que, à semelhança da Passarola, “o fim de toda a ficç;o é voar, elevar-se sobrevoando, n;o céus inexistentes nem realidades mágicas, mas descolar da sua própria realidade humana, pesada, obscura, opaca, para ver melhor ou de outra maneira (…)”.Em finais dos anos noventa, esta obra foi adaptada ao teatro por Manuel Real e Filomena Oliveira.

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