GUERRA COLONIAL Angola – Guiné – Moçambique * Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes * Dir. Ed. Alexandre Manuel * Edição e Distr.: DN
Descrição
GUERRA COLONIAL Angola – Guiné – Moçambique Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes Dir. Editorial de Alexandre Manuel Fotografia: Luis Chaves e Paulo Rasc;oProduç;o: Nova ForçaEdiç;o e Distribuiç;o: DN, Lisboa, 2000Obra cartonada; 632p.; de 28*21 cm; profusamente ilustradaNota: Nada existiu de t;o significativo antes da publicaç;o da “Guerra Colonial, Angola, Guiné, Moçambique”, da autoria de Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes. A obra foi editada em fasciculos no Diário de Noticias, no fim dos anos 90, e em 2000 a Editorial Noticias deu-a à estampa. Os mesmos autores abalançaram-se recentemente a publicar “Os Anos da Guerra Colonial”, que recebeu muita inspiraç;o, como é compreensivel, da iniciativa anterior. é impossivel estudar-se a guerra colonial sem ter em conta esta obra de referência. Basta pensar só no elenco de colaboradores: Adriano Moreira, António José Telo, David Martelo, Diana Andringa, José Falc;o de Campos, José de Matos-Cruz, Josep Sanchez Cervelló, Luis Salgado Matos, Nuno Santa Clara Gomes, Rosário Simões, Rui de Azevedo Teixeira. Como escrevem os autores na apresentaç;o, importa n;o pôr de lado a delicadeza do tema: ainda há paixões à tona, há fontes irrepreensiveis e há questões que podem ser encaradas como factores de distorç;o, sobretudo quando os actores transmitem a vis;o dos acontecimentos no enfoque pessoal, sem contraditório. E adiantam: “O presente trabalho pretende constituir algo em que se possam rever aqueles homens e mulheres que, em qualquer situaç;o participaram na guerra e os que com eles se relacionaram. Algo que dirá respeito a Portugal e aos paises africanos que, neste longo conflito, conquistaram a sua independência politica”.A estrutura da obra é aliciante, comporta uma organizaç;o que permite visualizar os locais do conflito e as grandes operações ali desencadeadas; pode ficar-se com uma ideia das forças em presença (recorde-se que ainda hoje n;o há dados fiáveis sobre as forças efectivas dos guerrilheiros, nos três teatros de operações), quem e porquê se fez a guerra, a evoluç;o da matriz doutrinal, os principais dirigentes, heróis e politicos, alguns aspectos do quotidiano da guerra, o impacto da guerra na sociedade portuguesa, guiões, modelos de armas e cronologia da guerra colonial.Os autores n;o iludem as questões que possam ser vistas como controversas como seja falar de guerra colonial em oposiç;o a guerra do Ultramar ou guerra de áfrica. Entram na cronologia dos acontecimentos com o que se passou em 15 de Março de 1961, em Angola, e a determinaç;o de Salazar após abortar o golpe de Botelho Moniz. Tem destaque na reocupaç;o do Norte de Angola a operaç;o Viriato e a entrada em Nambuangongo. Sanchez Cervelló sintetiza o novo quadro africano, entre 1945 e 1962. Explicado o essencial de uma guerra subversiva, os autores apresentam o teatro angolano e os movimentos da independência. Segue-se a Guiné, a história do PAIGC, a operaç;o Tridente, um resumo do meio fisico, humano e económico da regi;o. A operaç;o águia é o preâmbulo da guerra de Moçambique, dá-se um apontamento da Frelimo e igualmente do meio fisico, humano e económico de Moçambique, bem como o enquadramento do teatro de operações.Apresentados os actores e o meio, dada a moldura ideológica e as mudanças registadas em áfrica no periodo precedente à luta dos movimentos de libertaç;o, faz-se desfilar os contingentes em contenda, os dispositivos militares, as operações, as condecorações, os eventos marcantes, mas também o sistema de informações, a guerra psicológica, o papel das organizações femininas (Cruz Vermelha e Movimento Nacional Feminino), as tensões dentro da Igreja Católica.As relações internacionais têm o merecido destaque, tal como a africanizaç;o da guerra, a noç;o do quadro económico (que era praticamente desconhecido da chamada metrópole, em 1974, à vontade da independência africana ameaçava sobrepor-se a da independência branca, como escreve Salgado de Matos). Minas e armadilhas, o papel das forças especiais, os transportes, os diferentes tipos de equipamento, a guerra dos céus, as lanchas e os navios, as transmissões, as obras de engenharia, a administraç;o militar, a acç;o psicológica, têm o merecido relevo. Grandes protagonistas como Costa Gomes, Kaulza, Spinola, estratégias e operações, recebem o merecido acolhimento como ir;o sobressair momentos de viragem como aqueles que viveu a Guiné em Maio de 1973, com Guidage, Guileje e Gadamael. E estamos chegados a outras questões fulcrais como as mentalidades da geraç;o de 60, o papel da literatura, do cinema, o fenómeno do movimento dos capit;es e, por ultimo, a génese do 25 de Abril e no seu rescaldo as feridas de guerra, como é o caso dos deficientes. A obra remata com um balanço e uma reflex;o final e a bibliografia utilizada.é uma ediç;o impar, com esta “Guerra Colonial”, a historiografia deu um salto. Nestas 600 e tantas páginas alcançou-se uma admirável sintese sem descurar o rigor do pano de fundo, em si t;o complexo. Nós, os camaradas da Guiné, fomos directos beneficiários, Aniceto Afonso escreveu depois uma importante sumula sobre a guerra da Guiné que a seu tempo fiz referência. Inevitavelmente, ela tem que fazer parte da nossa biblioteca, é por isso que eu a ofereço ao blogue, com um abraço de elevada consideraç;o e admiraç;o pelos seus autores.Mário Beja Santos* (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Fevereiro de 2010In: http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2010/02/guine-6374-p5864-notas-de-leitura-69.html
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