A ESPUMA DO TEMPO Memórias Do Tempo De Vésperas * Adriano Moreira 2008 1ª Edição

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A ESPUMA DO TEMPOMemórias Do Tempo De VésperasAdriano Moreira1ª Ediç;oPUBLICAÇ;O: Coimbra : Almedina, 2008DESCR. FiSICA: Enc.editorial com sobrecapa, 469.pág,. Il.,16×24 cmObs.: Adriano Moreira, ex-ministro do Ultramar no periodo mais negro da guerra colonial, opositor de Marcelo Caetano em relaç;o ao destino das colónias – sem ser exactamente um ultra mas opondo às ;ambiguidades; de Marcelo Caetano ambiguidades ainda maiores -, é uma personagem central na história contemporânea portuguesa. Antes e depois do 25 de Abril, mas n;o por se ter ilustrado na oposiç;o ao antigo regime. O seu percurso é unico: vemo-lo passar (sem que nos explique porquê) da situaç;o de estudante com origens modestas, que tinha conseguido entrar para a exclusiva universidade dos anos 50 e preocupado apenas com a conclus;o do seu curso, para advogado nos escritórios que eram a sede da oposiç;o ao regime. Acácio Gouveia, Teófilo Carvalho Santos, Abranches Ferr;o acumulavam uma advocacia próspera com a liderança virtual da oposiç;o democrática ao regime e Adriano Moreira fez ai o seu estágio, n;o pela escolha consciente de quem escolhe um patrono ideologicamente próximo, mas, como nos explica, pela dificuldade de encontrar um patrono para o seu estágio. Como é sabido, as más companhias têm os seus efeitos: pouco tempo depois, ao jovem advogado Adriano Moreira era confiada a defesa dos generais no golpe falhado de 1947, uma história ainda mal conhecida com contornos unicos. O Golpe militar – n;o realizado porque à ultima hora, como quase sempre sucedia, os oficiais menos comprometidos recuavam – tinha uma capa legal. O Gen. Marques Godinho, Almirante Mendes Cabeçadas (do 5 de Outubro e do 28 de Maio) e outras altas patentes que se tinham passado da ala republicana do regime para a oposiç;o ao mesmo iriam, em conjunto, falar com o Marechal Carmona e pedir-lhe que demitisse Salazar. Era meio verdade (em Belém, de Carmona a Craveiro Lopes, havia sempre uma conspiraç;o latente e nunca realizada) e era a história para contar no tribunal depois do golpe falhar. A reacç;o do regime – o semi-envolvimento de Carmona e as suas patentes davam aos envolvidos a convicç;o que n;o seriam tratados como os comunistas ou os anarco-sindicalistas – foi inesperadamente feroz. Carmona (com uma longa história de recuos e traições aos seus antigos companheiros) deve-se ter acobardado. Um seu primo (o almirante Carmona) foi testemunha dos conspiradores com uma posiç;o muito incerta. O homem forte do regime para os militares, o ent;o Cor. Santos Costa, manda transferir os militares presos do Hospital Julio de Matos (ainda por inaugurar e transformado numa centro de detenç;o adequado para os galões dos militares envolvidos) para a Pris;o Militar da Trafaria. N;o para Caxias, como no caso de Beja, mas para uma pris;o militar. O drama surge porque o Gen. Marques Godinho está com problemas cardiacos e os médicos desaconselham a transferência. Adriano Moreira tenta obter das autoridades militares o adiamento da transferência, mas já ninguém tem coragem para fazer frente a Santos Costa: a tolerância tradicional em relaç;o a militares envolvidos em conspirações tinha acabado. Com Santos Costa na defesa, os militares iriam transformar-se na guarda pretoriana do regime e n;o havia lugar para mais divergências ou tolerância para conspiradores. O Gen. Marques Godinho é transferido e morre com um ataque de coraç;o. Aqui tem Adriano Moreira o seu momento de verdade: os filhos do defunto general (dois dos quais oficiais do exército) querem apresentar uma queixa crime contra Santos Costa que responsabilizam pela morte do seu pai. Adriano Moreira concorda e trata das questões juridicas que suportam a queixa (que deveria ser apresentada na Policia Judiciária) e oferece-se como testemunha. A reacç;o do regime é brutal e o que se segue é a debandada: os filhos do Gen. Godinho, ameaçados com o fim imediato das suas carreira militares, deixam de ser autores da queixa que é apresentada pela sua m;e, a viuva do Gen.. Godinho, supostamente ao abrigo da repress;o do regime. Quando esta é presa pela PIDE, toda a gente percebe que a dissidência no regime de Salazar implica risco e riscos muito sérios. Aqui entra Marcelo Caetano cuja rivalidade com Santos Costa data desse tempo. Segundo Adriano Moreira, o Gen. Godinho tinha em seu poder cartas de Santos Costa do tempo da II Guerra Mundial, que este n;o queria ver divulgadas por terem posições ;germanófilas;. Seria interessante saber-se onde param estas cartas. Adriano Moreira revela também que os militares, em retirada completa perante a ferocidade de Santos Costa, ter;o pedido desculpa ao ministro porque teria sido Marcelo Caetano quem teria induzido o autor a apresentar a tal queixa contra ele. Tudo isto seria parte da guerra palaciana entre os dois. Marcelo Caetano (As Minhas Memória de Salazar, Viseu, 1977) tem uma vers;o distinta destes acontecimentos. Nega, naturalmente, que tivesse sido o autor moral da queixa que terá explicado Santos Costa (embora este achasse que sim). Conta que ele próprio teve de explicar ao Ministro do Interior qual o seu papel em tudo isto. E fala-nos de uma visita de um Adriano Moreira em pânico perante o recuo dos seus antigos constituintes em que ele, Marcelo Caetano, censura paternalmente o jovem advogado pela sua atitude precipitada e sem observância das devidas formas legais. Tudo isto vai acabar com Adriano Moreira no Aljube e com Marcelo Caetano (segundo a vers;o deste) a pleitear pelo jovem advogado inexperiente junto do Ministro do Interior (Cancela de Abreu). A pris;o durou pouco mas realizou plenamente a sua funç;o dissuasória: Adriano Moreira parece ter tirado as suas conclusões sobre as vantagens e desvantagens de defender gente com problemas com o regime e dá novos rumos à sua carreira. Os implicados no golpe iriam encontrar outros defensores. O autor iria iniciar, passo a passo, o caminho que o conduziu ao poder na pasta do ultramar. Porque um outro golpe que também nos descreve bem – o golpe obstinadamente legal e falhado de Botelho Moniz em 1962 – foi derrotado por Salazar, no Diário de Governo, com a demiss;o dos conspiradores. Tudo isto está ainda mal estudado e insuficiente descrito. As memórias de Adriano Moreira ajudam-nos a perceber melhor a época. Mais do que a perceber o memorialista cujas ambiguidades essenciais est;o t;o bem ilustradas por este livro.

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